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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Positivismo no Brasil

Positivismo

O positivismo é uma corrente filosófica do século XIX que aposta na ordem e na ciência para a obtenção de progresso social.

 O positivismo é uma corrente teórica inspirada no ideal de progresso contínuo da humanidade. O pensamento positivista postula a existência de uma marcha contínua e progressiva e que a humanidade tende a progredir constantemente. O progresso, que é uma constatação histórica, deve ser sempre reforçado, de acordo com o que Auguste Comte, criador do positivismo, chamou de Ciências Positivas. As Ciências Positivas teriam a sua mais forte expressão na Sociologia, ciência da qual Comte é considerado o fundador.

O positivismo também incorporou, na teoria de Comte, elementos políticos e ganhou, nos trabalhos de John Stuart Mill, um escopo mais ético e moral. Isso acabou reforçando o molde de uma teoria política positivista, fundada na ordem e no conhecimento para se alcançar o progresso.

Essa teoria ressoou na política brasileira, mais especificamente no início do período da Primeira República, pois o marechal Deodoro da Fonseca (primeiro presidente do Brasil) e outros políticos que participaram do governo tinham fortes influências positivistas.

 

Tópicos deste artigo

1 - Resumo sobre positivismo

2 - Assista nossa videoaula sobre Positivismo:

3 - História do positivismo e a Sociologia do século XIX

4 - Características do positivismo

→ Doutrina filosófica baseada em teorias e leis

→ Doutrina sociológica

→ Doutrina política

→ Aposta nas ciências e na industrialização

→ Religião positiva

5 - Positivismo no Brasil - “Ordem e Progresso”

 

Resumo sobre positivismo

O positivismo surgiu com Auguste Comte, no século XIX;

Marcou o início da Sociologia;

Era uma teoria política, moral e filosófica;

Baseava-se na ciência e na ordem social;

Disciplina, rigor e ordem eram necessários para o crescimento moral e social;

Inspirou a Proclamação da República brasileira.

 

História do positivismo e a Sociologia do século XIX

O positivismo foi uma corrente filosófica que nasceu na França, no século XIX, derivada do pensamento iluminista. Pode-se dizer que o seu fundador foi o filósofo e também criador da Sociologia, Auguste Comte (1798 – 1857). Outro nome importante para o positivismo é John Stuart Mill (1806 – 1873), que adaptou o pensamento positivista ao utilitarismo moral inglês, que teria surgido com Jeremy Bentham, jurista, filósofo e professor de Mill. Com a adaptação ao utilitarismo, o positivismo ganhou um tom mais voltado para a filosofia moral, delineando os preceitos éticos da teoria de Mill.

Outros fatores que marcaram o positivismo foram a Revolução Industrial e as crises sociais que ocorreram em decorrência direta dessa revolução e da explosão demográfica dos grandes centros urbanos europeus, ocasionada pelo surgimento rápido de muitas indústrias. Nesse período, a fome e a desigualdade social alastraram-se pelos centros urbanos, ao mesmo tempo em que os antigos paradigmas medievais e o Antigo Regime eram, progressivamente, superados.

Assustados por uma sociedade nova e complexa, os intelectuais tiveram dificuldade para entender esse novo modelo social, completamente diferente de tudo o que tinha acontecido até então. A teoria positivista e a Sociologia foram as propostas de Comte para se entender a nova organização que tanto assustou os pensadores e modificou a vida das pessoas.

Auguste Comte apostava no progresso moral e científico da sociedade por meio da ordem social e do desenvolvimento das ciências. O pensador estabeleceu uma espécie de hierarquia das sete grandes ciências: Matemática, Astronomia, Física, Química, Moral, Biologia e Sociologia, sendo essas duas últimas superiores.

O filósofo acreditava que a Sociologia deveria basear-se nas ciências da natureza, sobretudo na Biologia e na Física, que tentam descobrir e decodificar as leis naturais. O sociólogo deveria fazer um trabalho análogo na sociedade: descobrir e decodificar as leis sociais. O sociólogo deveria ser um cientista observador, apoiando-se no conteúdo de sua análise e nos fatos.

O estágio em que a humanidade encontrava-se era o de maior evolução, segundo a Lei dos Três Estados, de Comte, que estabelece três classificações distintas: o estado teológico (primeiro e menos desenvolvido), o estado metafísico (segundo e intermediário) e o estado positivo (último e melhor). O estado positivo ocorreu, segundo Comte, a partir do momento em que a humanidade passou a priorizar a ciência como fonte do saber confiável.

O método positivista também originou uma teoria historiográfica, inspirada nas ideias do conde de Saint Simon (1760-1825), filósofo francês para quem a humanidade progrediria continuamente, indo sempre adiante e nunca regredindo. Segundo a historiografia positivista, o progresso histórico deveria ser constantemente aferido, tomando por base apenas os fatos que são constantemente registrados.

No Brasil, o positivismo influenciou fortemente os militares e políticos ligados ao marechal Manuel Deodoro da Fonseca, que em 1889 depôs o imperador Dom Pedro II e tornou-se o primeiro presidente do Brasil, implantando uma tentativa de se fazer uma política baseada no positivismo, com o cultivo e a imposição da ordem social para se chegar ao progresso.

Ainda no século XIX e no século XX, o termo positivismo ganhou outros significados, tendo surgido o positivismo jurídico, no âmbito do direito, e o positivismo lógico, entre os filósofos da linguagem, que seria uma crença de que a análise lógica da linguagem seria o caminho para solucionar todos os problemas filosóficos.

Veja também: Saiba mais sobre outra doutrina desenvolvida no mesmo contexto que o positivismo

Características do positivismo

→ Doutrina filosófica baseada em teorias e leis

A aspiração mais remota do positivismo encontra-se no movimento iluminista, fortemente admirado por Comte. Apoiador da Revolução Francesa, Auguste Comte era favorável ao pensamento republicano, mas acreditava que o caos e a anarquia, predominantes em alguns períodos da revolução e pós-revolução, eram empecilhos para a marcha acelerada do progresso.

→ Doutrina sociológica

Antes de tudo, o positivismo era uma doutrina sociológica que se baseava na Lei dos Três Estados. A Ciência Social estaria no último e mais avançado estágio de desenvolvimento da humanidade, acompanhada da Biologia. Isso conferiu ao positivismo o estatuto de doutrina fortemente ancorada no pensamento científico.

→ Doutrina política

A ordem, o rigor e o empenho pela organização são características fundamentais para a doutrina positivista. Daí deriva o lema estampado na bandeira brasileira, desenhada durante o início da era republicana no Brasil.

→ Aposta nas ciências e na industrialização

O pensamento positivista garante que o progresso da humanidade, além de intimamente ligado às ciências positivas, está também relacionado com o impulsionamento da industrialização e da tecnologia.

→ Religião positiva

Com a superação do período teológico e das religiões baseadas nos mitos e na existência de um mundo sobrenatural, Comte afirmou a necessidade de uma nova espécie de religião, baseada não em algo acima da natureza, mas na própria natureza e na capacidade humana de desvendar os mistérios dessa natureza por meio da ciência. Grosso modo, podemos dizer que, na religião positiva, a figura de Deus é substituída pela ciência.

Positivismo no Brasil - “Ordem e Progresso”


O lema de nossa bandeira é positivista, pois a Primeira República brasileira (1889-1930) foi um período político com forte inspiração na teoria formulada por Auguste Comte. Tanto o primeiro presidente, marechal Deodoro da Fonseca, quanto parte do Parlamento, eram republicanos. O pensamento republicano nascido na França era baseado na liberdade individual e na responsabilidade moral, fruto daquela liberdade. A liberdade individual e, principalmente, a responsabilidade moral são preceitos fundamentais do positivismo, pois são valiosos pilares para o progresso.

Apesar da forte inspiração no início da república, o positivismo no Brasil não durou, e o lema estampado em nossa bandeira não vingou. A política brasileira, que passou por sucessivos atentados contra a democracia e reprimiu a liberdade dos cidadãos, perdeu, antes mesmo do fim da Primeira República (que se tornou um regime coronelista mantido pelo voto de cabresto), os ideais positivistas tão caros para os republicanos franceses.



 

*Credito da imagem: Nadiia_foto / Shutterstock
 

Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

Extraído em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/positivismo.htm

 

GEOGRAFIA DO BRASIL

 

Estudo das características físicas e naturais do país


Geografia do Brasil é uma linha de estudo encarregada de observar os fenômenos naturais e regionais do país. Ou seja, analisa as características do clima, vegetação, relevo e muito mais.

O território brasileiro é o quinto maior do mundo. Cada região apresenta uma imensa variedade climática e de biodiversidade. Além disso, possui as maiores bacias hidrográficas do globo terrestre.

Banhado pelo oceano Atlântico, o país encontra-se dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro- Oeste, Sudeste e Sul. E, por conta disso, ocorre a divisão em 26 estados e um Distrito Federal. O local com maior densidade populacional é a região Sudeste. Por outro lado, a região Centro –Oeste é a menos populosa e não dispõe de faixa litorânea.


Regiões do Brasil


Como já citamos, o país é separado em cinco áreas. Essa divisão leva em consideração os aspectos sociais, naturais e econômicos de cada um. 


Norte


Banhado pela bacia Amazônica, essa região é composta por 7 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), ocupando 42,3% do território nacional. A Floresta Amazônia preenche a maior parte do local, aproximadamente 40%. 

Por causa do clima predominante, equatorial úmido, as temperaturas são elevadas e chove o ano inteiro. Nesse bioma estão presentes as matas de igapó, várzea e terra firme. Elas se diferem de acordo com a altitude e distância entre os rios.

Nordeste

De acordo com a geografia do Brasil, é a região que ocupa a maior parte da costa litorânea (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). Seus climas são tropical úmido, semiárido e equatorial. A cobertura vegetal é composta pela caatinga, com trechos de matas tropicais e de cocais. O Nordeste foi repartido em Zona da Mata, Sertão, Agreste e o Meio - Norte.

Zona da Mata: se estende do Rio Grande do Norte até o Sul da Bahia. Seu clima é tropical úmido, com chuvas irregulares nos meses de abril a julho. A economia gira em torno do cultivo de cacau, extração de petróleo e produção da cana-de-açúcar.

- Sertão: percorre quase todo o território baiano. Com clima semiárido, enfrenta grandes períodos de escassez de chuva. Por isso seu solo é seco e a caatinga vegetação dominante, pois são resistentes. As principais fontes de renda estão na lavoura de algodão e de fibra longa, além do plantio de frutas, como manga, mamão e uva.

Agreste: é a área entre a Zona da Mata e o Sertão. O clima e vegetação são iguais a do Sertão, sendo uma pequena parte estruturada por brejos. O cultivo de feijão, verduras e a criação de gado são as fontes econômicas dessa sub-região.

Meio-Norte: consegue abranger o sertão e a Amazônia. Com clima tropical, no verão a temperatura atinge até mais de 40 graus. A vegetação nativa é o Cerrado, sendo o manejo de soja uma das principais fontes de renda.


Centro- Oeste

Formada por 4 estados (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), é a segunda maior em extensão territorial dentro da geografia do Brasil, porém não é banhada pelo mar. Predomina, em sua maior parte, a vegetação de Cerrado.

Mas, ao sul do Mato Grosso do Sul, o pantanal ganha destaque. O clima é tropical semiúmido, com verão chuvoso entre os meses de março a outubro, e inverno seco entre os meses de abril a setembro.

A agropecuária compõe a maior parte da economia local, especialmente a produção de soja, milho, café e carne bovina. Além disso, em Goiás, estão instaladas indústrias farmacêuticas, automobilística e madeireiras de grande e pequeno porte.


Sudeste


Quarta maior área do Brasil (Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo) é a mais populosa. Seu clima típico é o tropical, mas nos planaltos o clima é tropical de altitude (temperaturas mais variadas). A vegetação dominante é a de Mata Atlântica e Cerrado, entretanto devastadas pela grande concentração industrial, comercial e a urbanização.

Já a economia é composta por uma larga produção do setor terciário, contribuindo com a metade do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Com grande número de mão de obra, a região é destaque na produção de laranja, cana-de-açúcar e milho, além da extração petrolífera e do pré-sal na bacia de Campos.


Sul


Dentro da geografia do Brasil, é a menor região do país (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) e a terceira em população. Como se encontra abaixo do Trópico de Capricórnio, possui clima subtropical, ou seja, o mais frio de todo território nacional.

Sobressai a vegetação de Mata de Araucárias ou Pinhais nas partes mais elevadas, Mata Atlântica em maior parte da Serra do Mar e de campos (Pampas) no restante das áreas. Por conta dos desmatamentos, infelizmente, pouco sobrou da Mata de Araucárias.

A economia funciona de acordo com atividades agrícolas, destacando-se a criação de porcos, gado, produção de soja, milho e feijão, além da indústria metalúrgica, têxtil e a automobilística.


Geografia do Brasil: clima 


Grande parte do território nacional situa-se nas zonas de baixas latitudes, entre a linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. Em função disso, o clima brasileiro é quente e úmido. 


Por conta da sua extensão, a geografia do Brasil possui 6 tipos diferentes de clima. Veja quais são:


•  Equatorial 
•  Tropical 
•  Tropical Semiárido
•  Tropical de Altitude 
•  Tropical Litorâneo 
•  Subtropical


Geografia do Brasil: vegetação


Como já citado acima, o Brasil é coberto pelos mais diversos tipos de vegetação. Elas ocupam 60% do território nacional e variam de acordo com o clima, altitude e localização. Os principais tipos de vegetação brasileira são:

Amazônia

Identificada como a maior floresta tropical do mundo, ocupa 49% das terras brasileiras. Apesar da sua diversidade, ela é basicamente dividida em 3 tipos: matas de igapó, as de terra firme e de várzea.

As matas de igapó ficam inundadas pelas constantes chuvas, por isso a vegetação precisa ser compatível à umidade. A vitória régia, por exemplo, é uma delas. As de terra firme são aquelas que estão próximas aos rios, mas não sofrem inundações.

As árvores são de grande porte e servem de matéria- prima para o extrativismo, sendo as principais espécies a castanheira e o guaraná. Já as matas de várzea também são encontradas perto de rios, mas sofrem inundações periódicas. As seringueiras pertencem a esse tipo de bioma. A bacia hidrográfica amazônica também é a maior do globo terrestre, sendo o seu principal o Amazonas. 


Mata Atlântica


Dentro da geografia do Brasil, é a maior floresta e a mais devastada pelas ações industriais. Em consequência dessas intervenções desenfreadas, a vegetação foi reduzida a apenas 7% da original. 

A floresta é densa e fechada, pois as árvores são de grande e médio porte adaptadas a umidade. Consegue abrigar mais de 2000 espécies de animais em sua flora.


Caatinga


Vegetação adaptada à escassez de água (xerófita) e aridez do solo, típica do semiárido nordestino. Dependendo das condições de umidade do solo, a caatinga pode se assemelhar a uma mata, com árvores cheias de folhas, já que no inverno elas as perdem para minimizar a transpiração e evitar a perda de água armazenada. 


Cerrado


Dividido em cerradão (presença de árvores), cerrado, campo cerrado, campo sujo ou campo limpo (predomínio de arbustos), é a segunda maior área verde do Brasil. Seu clima característico é o tropical sazonal: verão com chuvas e inverno seco.

A vegetação dominante é a de savana, com árvores baixas, galhos retorcidos, folhas grossas, raízes profundas. Todas essas propriedades servem para captar águas subterrâneas.

  

Mangue


Tipo de vegetação litorânea sujeita à ação dos rios e mares, presente nas regiões tropicais e subtropicais. As espécies presentes nesse tipo de vegetação podem ser: mangue-branco, mangue-vermelho e mangue siriúba.

Pampa


Evidente apenas no Rio Grande do Sul, esse tipo de vegetação apresenta solo repleto de arbustos de pequeno porte e campos. O clima predominante é o subtropical, com as quatro estações do ano definidas. 


Pantanal


É o menor bioma brasileiro, porém o maior reservatório de água doce do mundo. Seu clima também é o tropical sazonal: verão chuvoso e inverno seco.  A vegetação nativa pode ser encontrada nas áreas alagadas (gramíneas), as periodicamente alagadas (arbustos e palmeiras) e as que não inundam (cerrado).


Bacias Hidrografias do Brasil


Dentro da geografia do Brasil, as bacias são responsáveis pelo armazenamento das águas vindas das chuvas, rios, riachos e seus afluentes. A Amazônica, por exemplo, fornece os 20% de água doce líquida encontrada no planeta Terra. 


No Brasil os rios estão agrupados em 12 bacias. Conheça elas: 


•  Amazônica
•  Tocantins 
•  Araguaia 
•  Paraná 
•  São Francisco
•  Paraguaia 
•  Uruguai
•  Atlântico Nordeste Ocidental
•  Atlântico Nordeste Oriental 
•  Parnaíba 


Geografia do Brasil: relevo


Serra da Borborema, exemplo de planalto brasileiro (Foto: Wikimedia Commons)


O relevo brasileiro formou-se a partir das ações de intemperismo, união de eventos físicos e químicos que transformam a composição das rochas, e de erosões. As formas predominantes são os planaltos, planícies e depressões.


Planaltos


São terras elevadas, 300 metros acima do nível do mar, onde o desgaste erosivo é marcante. Entre eles, os maiores são:


•  Planalto Brasileiro, das Guianas e Central
•  Planalto Meridional e Nordestino
•  Planaltos e Serras do Leste e do Sudeste
•  Planalto do Maranhão-Piauí e Dissecado do Sudeste 

Planícies 


Dentro da geografia do Brasil, são os territórios planos - 100 metros acima do nível do mar - nos quais se destacam o acumulo de sedimentos, sendo as principais:


•  Amazônica
•  Pantanal 
•  Litorânea

Depressões


Terrenos que ficam abaixo do nível do mar e são formadas pelas erosões. Podem ser:

•  Amazônica, Sertaneja, São Francisco
•  Periférica Sul Rio-Grandense
•  Periférica da Bacia da Borda Leste do Paraná 

 Você sabia? 


- A Amazônia apresenta a maior biodiversidade do planeta, sendo que muitas espécies ainda nem foram catalogadas.
- O Brasil ostenta a maior faixa de manguezal do planeta.
- A palavra pampa é de origem indígena e significa "região plana".
- De todas as vegetações presentes na geografia do Brasil, o pantanal foi nomeado pela UNESCO como “Reserva Mundial da Biosfera”.

Extraído : https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/geografia-do-brasil

Renascimento Cultural

 

Renascimento Cultural

O Renascimento Cultural foi um dos principais fenômenos da transição da Idade Média para a Idade Moderna, pois transformou a vida cultural europeia da época.
Detalhe do teto da Capela Sistina, pintado por Michelangelo Buonarroti
Detalhe do teto da Capela Sistina, pintado por Michelangelo Buonarroti

O que é Renascimento?
Por Renascimento Cultural entende-se uma atmosfera de eferverscência artística e intelectual de caráter urbano que se fez presente na Europa, sobretudo na região da Península Itálica (atual Itália), dos Países Baixos (atual Holanda) e outras regiões do norte europeu entre os séculos XV e XVI. Essa atmosfera cultural frequentemente foi identificada como uma ruptura extrema com a tradição medieval cristã e um retorno puro e simples à tradição greco-romana. No entanto, isso não é bem verdade.

 

  • O que “renasceu” no Renascimento?

O Renascimento, em seu âmbito cultural, ocorreu em meio urbano, acompanhando o também chamado “Renascimento Comercial” europeu. Cidades italianas como Pisa, Gênova e Veneza (famosas por causa de seus portos marítimos) passaram, a partir do século XIV, a ter um grande protagonismo no fluxo comercial do Mar Mediterrâneo. Nessa época, os muçulmanos, que controlaram durante muito tempo o comércio no Mediterrâneo, já haviam sido combatidos pelas Cruzadas, o que provocou uma abertura comercial maior no sul europeu. As cidades, conhecidas também como burgos, tiveram que ser ampliadas para acomodar um grande número de pessoas, que vinham de todo o Velho Mundo, em especial do Oriente.

Muitos elementos da tradição clássica, como poesia, textos científicos antigos, textos de teatro, técnicas de artes plásticas e de arquitetura, eram preservados por intelectuais que viviam nos arredores de Constantinopla – que até 1453 foi o centro do Império Bizantino, herdeiro da tradição clássica greco-romana e que estava localizado na Anatólia (atual Turquia), a meio caminho entre a Ásia e a Europa ocidental. O aumento do fluxo comercial e o crescimento da estrutura urbana nas cidades italianas passaram a atrair muitos intelectuais e artistas bizantinos. Aos poucos, as heranças culturais cristãs da Idade Média, como o gótico cristão, passaram a se mesclar com essa tradição bizantina.

No caso do Renascimento no Norte, ocorrido na Holanda e em alguns principados alemães, o impulso foi semelhante ao que ocorrera no Mediterrâneo: o fluxo comercial do Mar do Norte e do Mar Báltico, organizado em torno da Liga Hanseática. Artistas como os irmãos Van Eyck Albrecht Dürer e intelectuais como Erasmo de Rotterdã estavam vinculados à vida urbana do norte da Europa.

O que “renasceu” no período do Renascimento, portanto, não foi a cultura clássica pagã pura e simplesmente. O que renasceu foi a cultura urbana, a cultura ligada às cidades, com amplo comércio, vida intelectual e apreciação artística, como ocorria nas cidades-Estado da Antiguidade Clássica. Contudo, o Renascimento não rompeu com o cristianismo; ao contrário, o resgate dos elementos da cultura clássica deu mais vigor à tradição cristã.
 

  • Artes plásticas

A arte da Renascença, tanto na Itália quanto no norte europeu, teve grande parte de seus modelos na Idade Média., em especial na pintura produzida por Giotto di Bondone e Fra Angelico e nos escultores do século XIII. Aquele que é considerado o precursor da pintura com noções claras de profundidade e proporção geométrica – características centrais da pintura renascentista – foi Piero della Francesca. No século XVI, os grandes nomes das artes plásticas italiana foram Leonardo da VinciMichelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. Outros vieram mais tarde, como Caravaggio e Tintoretto (italianos), El Greco (grego radicado na Espanha), Velázquez (espanhol) e Rembrandt (holandês) – esses dois últimos já identificados com a escola do Barroco.

Os temas abordados por esses artistas variavam entre os clássicos e os cristãos. A Igreja Católica era um dos grandes financiadores desses artistas, assim como outros mecenas (termo que remonta ao patrocinador de artistas da época do imperador Augusto, Caio Mecenas), como os membros da família Médici – sendo Cosme de Médici o mais famoso entre eles.
 

  • Literatura e filosofia

No campo das letras, pensamento político e filosófico, bem como das artes cênicas, o Renascimento é saturado de exemplos. Três nomes são importantíssimos para se entender o desenvolvimento da literatura renascentista: Francesco PetrarcaGiovanni Boccaccio e Dante Alighieri. Foram esses três literatos que deram a base para o tipo de literatura escrita em vernáculo (isto é, na língua comum a cada povo que estava se formando na Europa daquela época). Francisco Sá de Miranda e Luís de Camões, em Portugal, consolidaram por meio de suas obras a língua portuguesa. Cervantes e Calderón de la Barca, o espanhol. Shakespeare e Chistopher Marlowe, o inglês, etc.

No campo da filosofia houve grandes reflexões sobre política e teologia na obra de autores como Thomas Hobbes e Thomas Morus, na Inglaterra; Maquiavel, na Itália; e Jean Bodin, na França. Esse autores contribuíram para a reflexão sobre o Estado Moderno. Bodin, por exemplo, é considerado o pai intelectual do Absolutismo Monárquico.

Outras reflexões filosóficas tiveram como preocupação central o Humanismo, isto é, um tipo de reflexão sobre a natureza humana e seus problemas diante do mundo e de Deus. Erasmo de Rotterdan e Michel de Montaigne estão entre os principais autores dessa corrente. O Humanismo pode ser constatado nas obras de literatos e dramaturgos do período também, como os citados acima.
 

  • Ciência

Foi também no período do Renascimento que houve o desenvolvimento dos principais traços da ciência moderna, como a prática da anatomia – com o estudo de cadáveres – e a observação astronômica. A moderna física começou com estudiosos que passaram a se valer de instrumentos para ampliar o sentido da visão. Foi o caso de Johannes Kepler e Tycho Brahe, que exerceram grande influência sobre Galileu Galilei e, depois, Isaac Newton.

Créditos da imagem: Shutterstock e Everett – Art

Publicado por Cláudio Fernandes
Extraído: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/renascimento-cultural.htm

Renascimento comercial e urbano

  renascimento comercial e urbano 

foi resultado de mudanças significativas que aconteceram na Europa durante a Baixa Idade Média. Elas resultaram no crescimento das cidades, fazendo com que algumas delas chegassem a um número significativo de habitantes. Além disso, o crescimento urbano influenciou e foi influenciado pelo renascimento comercial, que implicou a ampliação da circulação de mercadorias e a retomada na utilização da moeda, por exemplo.


A Europa antes do renascimento comercial e urbano

O renascimento comercial e urbano aconteceu na Baixa Idade Média e foi parte das intensas transformações que a Europa sofreu nesse período. O crescimento do comércio e das cidades durante a Idade Média só foi possível porque a disponibilidade de alimento aumentou a ponto de permitir o aumento populacional.

Essas transformações da Baixa Idade Média retomaram o fôlego da cidade e do comércio, ambos adormecidos desde a desagregação do Império Romano, consolidada em 476. O fim do Império Romano do Ocidente ficou marcado por uma série de conflitos que resultaram no estabelecimento dos povos germânicos.

Esse cenário ficou marcado por guerras que geraram o enfraquecimento das cidades e do comércio, uma vez que as doenças e a fome, além dos combates e consequências deles, atingiram principalmente as cidades romanas. Com isso aconteceu a ruralização da Europa — o abandono das cidades e estabelecimento das pessoas nas zonas rurais.

Isso porque as zonas rurais tinham os alimentos que estavam em falta nas cidades, e nelas as pessoas colocavam-se sob proteção de um patrício/nobre. Com o tempo e a chegada de novos invasores na Europa (vikings e húngaros), houve um encastelamento desse continente, com a construção de castelos e fortalezas.

Foi nesse quadro que alguns incrementos técnicos deram início ao maior desenvolvimento da agricultura medieval. Melhores técnicas de arado, plantio e descanso do solo garantiram um aumento considerável na produção de alimentos. Isso permitiu que a população europeia aumentasse e chegasse a cerca de 22 milhões de habitantes por volta do ano 1000.


Renascimento urbano

A cidade de Lübeck, na Alemanha, é um exemplo de cidade que surgiu no processo de renascimento urbano na Europa medieval.
A cidade de Lübeck, na Alemanha, é um exemplo de cidade que surgiu no processo de renascimento urbano na Europa medieval.

O renascimento urbano foi resultado direto do aumento populacional decorrente do aumento da produção de alimentos, e também da melhoria no clima nos séculos X e XI. O aumento populacional e a existência de um quadro social de grande opressão, a servidão, levavam muitos camponeses a fugirem das suas terras.

O objetivo desses camponeses era livrarem-se das obrigações feudais, e assim as cidades foram os locais que receberam uma quantidade grande deles. Nelas os camponeses buscavam por formas de sobrevivência, o que gerou diversidade de ofícios. Nas cidades houve também diversificação dos grupos sociais, e o centro do poder migrou dos bispos para os habitantes dos burgos, os burgueses, grupo que enriqueceu por meio do comércio ou de outros ofícios.

O historiador Jacques Le Goff estabelece que o desenvolvimento urbano deu origem a um sentimento de pertencimento entre o local e a pessoa nele estabelecida, o que ele define como “patriotismo citadino”|1|. As cidades, no entanto, ainda eram dependentes das zonas rurais, uma vez que os alimentos que garantiam a sobrevivência nela vinham do campo. É importante considerar que o crescimento urbano não pode ser superestimado, uma vez que a população citadina durante a Idade Média nunca ultrapassou 20% de toda a população da Europa Ocidental.

O crescimento das cidades foi impulsionado ao mesmo tempo que impulsionou o desenvolvimento do comércio. Ele atraiu comerciantes que se instalavam nos arredores delas e vendiam suas mercadorias. O crescimento urbano garantiu o desenvolvimento de muitas cidades na Europa, sendo Pariscom 200 mil habitantes, a maior delas. Outras cidades importantes, por exemplo, foram Florença, Veneza, Londres e Barcelona.


Renascimento comercial

Troyes, na França, abrigava a feira de Champagne durante os meses de julho, agosto, novembro e dezembro.
Troyes, na França, abrigava a feira de Champagne durante os meses de julho, agosto, novembro e dezembro.

Além das cidades, o comércio na Europa fortaleceu-se a partir da Baixa Idade Média e proporcionou uma série de mudanças, como o estabelecimento de uma nova classe social, a criação de colônias sob a esfera de influência de cidades italianas e o uso da moeda. O aumento na produção agrícola foi o ponto de partida que deu força ao comércio europeu, pois o que sobrava dela passou a ser comercializado.

O primeiro destaque a respeito do comércio é que o seu crescimento permitiu a sua sedentarização. Isso porque essa atividade, a princípio, itinerante trazia muitos riscos e custos. As estradas eram ruins e perigosas, e existiam locais que cobravam impostos pesados dos comerciantes.

Na medida em que as cidades cresciam, uma demanda contínua por diferentes mercadorias dava possibilidade para que os comerciantes fixassem-se nos arredores da cidade. Eles vendiam itens de luxo, itens essenciais para o estilo de vida urbano e também itens básicos para a sobrevivência, como alimento.

Muitos comerciantes preferiam seguir a vida itinerante por meio da navegação fluvial, não obstante, o crescimento do comércio e a localização geográfica de muitas cidades contribuíram para que muitos outros investissem em rotas marítimas. A abertura do comércio oriental, por meio das Cruzadas, garantiu acesso a mercadorias de luxo e intensificou o enriquecimento da classe mercantil das cidades italianas.


O comércio marítimo ficou marcado pelo desenvolvimento de dois grandes polos comerciais. Ao sul da Europa, na região mediterrânea, o domínio era dos italianos; ao norte da Europa, por sua vez, o domínio era da Liga Hanseática, uma aliança de cidades mercantis que surgiu na Alemanha e estabeleceu rotas que ligavam Londres a Novgorod (na Rússia).

Os comerciantes italianos e da Liga Hanseática encontravam-se nas feiras de Champagne, que aconteciam em quatro locais diferentes da França. Cada local abrigava-a por um período determinado, sendo que Lagny recebia-a em janeiro e fevereiro; Bar-sur-Aube, em março e abril; Provins, em maio e junho, e de setembro a novembro; e Troyes, em julho e agosto, e em novembro e dezembro|2|. Existiam feiras em outros locais da Europa.

Havia também uma rota comercial que ligava os centros comerciais italianos a centros comerciais importantes da Liga Hanseática instalados na Inglaterra e na Bélgica. O comércio europeu também abriu mercados no Oriente, como a região do Levante, e chegou até à região da Rus Kievana, nas atuais Ucrânia e Rússia.

O renascimento comercial requereu a utilização de moedas.
O renascimento comercial requereu a utilização de moedas.

O desenvolvimento do comércio encareceu as mercadorias. Esse fenômeno foi registrado pelos historiadores e acontecia de maneira muito mais agressiva nos períodos de escassez. O historiador Hilário Franco Júnior analisa que a crise de alimentos que atingiu a Europa no começo do século XIV, por exemplo, fez com que o preço do trigo passasse de 5 xelins, em 1313, para 40 xelins, em 1315|3|.

Além disso, o crescimento comercial gerou a demanda pela cunhagem de moedas, que passaram a ser largamente usadas a partir do século XIII.

Notas

|1| LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 56.

|2| LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 163.

|3| JUNIOR, Hilário Franco. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 29.

Publicado por Daniel Neves Silva
Extraído: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/renascimento-comercial-e-urbano.htm